Zootopia 2 (2025)
- Fernando Gomes
- há 7 dias
- 3 min de leitura

Zootopia 2 é o tipo de raro acerto da Disney e da indústria em geral, quando se trata de sequências. O filme, dirigido por Bryan Howard, nunca foge do tema central que forjou o primeiro filme, mas encontra formas criativas e coerentes de expandir seus temas.
Judy Hopps e Nick Wilde estão de volta e dessa vez tentando provar que a resolução colossal do caso do primeira filme, não foi um golpe de sorte. Conciliando a fama de grandes heróis com a de novatos na academia policial, a dupla está constantemente se colocando em situações além das ordenadas. Nesse anseio de se provar para o mundo que as coisas começam a sair do planejado, mas é aqui que a ligação com o primeiro filme engrena.
Zootopia sempre foi um filme sobre preconceito e racismo. Se no primeiro filme o foco era em desmistificar quem é diferente e trilhar um caminho que fuja da expectativa social da sua casta, Zootopia 2 é sobre celebrar quem é diferente e sobre o peso de se tornar exemplo para uma comunidade inteira. Acredito que o filme vá além, abordando um embate geracional que fala justamente sobre a recusa de fugir dos estereótipos na família Lince. Mas, principalmente nos temas de apropriação cultural e orgulho de suas origens. Todos temas que fortalecem ainda mais os temas centrais do filme.

No novo filme ambos os personagens trilham uma nova jornada de auto-conhecimento. Ainda que a de Nick seja breve e mais brilhante quando se vê refletido através de seus olhos para além da persona que criou, ela caminha para um momento de altruísmo e vulnerabilidade que amarram perfeitamente com o conceito de comunidade que ele parece tanto buscar. Enquanto Judy Hopper, é mais intensa na busca por excelência e a pressão de representar um grupo inteiro de pessoas, elucidado pelo chefe de Polícia que a adverte no início do filme de que suas ações refletem de forma negativa nos coelhos que agora se inspiram nela.
Tudo isso seria inútil se Bryan Howard e sua equipe não criassem e conduzissem um roteiro tão profundo de forma lúdica. Misturando ação frenética, humor inter-geracional e diversas referências à clássicos do cinema, Zootopia entrega sua mensagem para todas as idades de forma divertida. A animação riquíssima, colorida e criativa ajudam a imersão para as crianças, mas esse desenvolvimento também acompanha uma evolução sócio-política do mundo que enriquece a trama para adultos.

Existem diversos momentos de destaque no filme, tanto no âmbito da ação, do humor ou no âmbito emocional — apesar desse último nunca se pagar completamente. Não existe um momento desperdiçado aqui, as piadas variam entre trocadilhos, humor físico e o absurdo com leveza, e melhora ainda mais quanto intercaladas de forma fluida com a ação.
Os novos personagens são ótimos e a dublagem, novamente, faz um trabalho bom em transmitir tudo que o roteiro pede. Existem alguns pontos de crítica pra mim, como o arco do Nick e também a fraqueza do plot twist — ainda que eu compreenda que pro público alvo a revelação é intensa — mesmo com ela tecendo um meta-comentário sobre si pra aliviar a obviedade.

Um filme com carinho ao conteúdo base, mas que também não tem medo de referenciar “O Iluminado”, “Matrix”, “O Silêncio dos Inocentes”, “Mad Max: Estrada da Fúria”, “Ratatouille” e outros grandes filmes. Roteiro afiado e direção apaixonada, Zootopia 2 é uma das melhores animações de 2025.
Simples, rico e divertido. Assim como o primeiro, um exemplo perfeito da qualidade e esmero que filmes infantis merecem, nunca se permitindo cair na falsa ideia de que esses filmes não devem ser levados à sério. Pelo contrário, o filme implora que você o reconheça pelo que ele é o resultado excelente de uma equipe que com certeza levou a sério cada segundo disso aqui.





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