Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out (2025)

Knives Out reafirma por que a franquia criada por Rian Johnson segue como uma das experiências mais interessantes do cinema de mistério contemporâneo. No terceiro capítulo da saga, Benoit Blanc é chamado para investigar uma morte cercada por segredos dentro de uma comunidade aparentemente tranquila, onde fé, poder e moralidade se misturam e escondem muito mais do que aparentam. O caso, desde o início, deixa claro que nada ali é simples e que cada personagem carrega camadas que só se revelam com o avançar da investigação.

É inevitável comparar o filme com seus antecessores. Entre Facas e Segredos ainda ocupa o posto mais alto da franquia, quase insuperável em impacto e frescor. Ainda assim, Vivo ou morto se mostra mais consistente e envolvente do que o segundo filme, encontrando um equilíbrio melhor entre mistério, humor e densidade dramática. Aqui, a narrativa é mais contida, menos espalhafatosa, e aposta num jogo de pistas mais clássico.

O roteiro funciona como um mecanismo preciso. Cada informação apresentada, por menor que pareça, encontra seu lugar mais à frente, criando uma sensação de construção lógica e recompensa para quem acompanha com atenção. Mesmo quando o espectador consegue antecipar alguns desdobramentos, o filme evita soluções óbvias e prefere trabalhar o “como” e o “porquê” dos acontecimentos, em vez de depender apenas do choque das revelações.

O retorno de Benoit Blanc reforça essa estrutura. O personagem segue sendo o eixo da narrativa, guiando o público por um quebra-cabeça que se fecha aos poucos, sem pressa. Ao redor dele, o filme constrói um ambiente mais sério, atravessado por temas como culpa, crença e autoridade, o que dá ao longa um peso emocional maior do que o visto anteriormente, sem perder o tom divertido que define a franquia.

No fim, o filme não tenta repetir o brilho do primeiro filme nem exagerar na sátira do segundo. Ele entende seu lugar dentro da trilogia e entrega um mistério inteligente, bem amarrado e extremamente prazeroso de assistir. É a confirmação de que Knives Out continua sendo uma boa pedida: cinema de entretenimento feito com cuidado, respeito ao espectador e confiança na força de um bom roteiro. Nota: 7.5/10