SING SING
- Diego Nicolau
- 5 de fev.
- 2 min de leitura
Poucas vezes um filme me deixou tão impactado a ponto de sair do cinema sem conseguir dizer uma palavra. Quando encontrei um amigo na saída e ele soltou um “filmaço”, tudo o que pude fazer foi concordar com a cabeça. A voz embargada, a mente acelerada. Sing Sing trouxe à tona reflexões que eu jamais imaginaria ter em plena terça-feira de manhã.
O longa acompanha Divine G (Colman Domingo), um homem preso injustamente que encontra propósito no teatro dentro do sistema prisional. Ele faz parte de um grupo de detentos que atua em peças encenadas na própria penitenciária, incluindo um novo integrante desconfiado e reservado.
Colman Domingo entrega mais uma atuação brilhante, trazendo uma leveza cativante ao personagem, mesmo dentro da brutalidade da prisão. Mas, quando necessário, ele também carrega o peso de ser um homem encarcerado injustamente. Já Clarence Maclin surpreende ao construir um personagem inicialmente frio, mas que nos ganha completamente no momento em que abre a boca.
O grande mérito de Sing Sing está no seu olhar sobre a arte dentro do cárcere. O filme não trata o teatro como mero escapismo, mas como um processo de crescimento e transformação. A arte aqui não é fuga; é propósito. Ainda que toque de forma superficial na falha do sistema carcerário, que mantém homens inocentes atrás das grades, o filme tem sua força na celebração do poder da criatividade.
Visualmente, a direção e a fotografia cumprem seu papel sem grandes destaques, enquanto a narrativa, embora potente, perde um pouco de impacto em seu terço final, adotando soluções mais palatáveis em vez de aprofundar o drama. Ainda assim, o peso da história real se mantém.
Outro aspecto marcante é a presença dos próprios ex-detentos atuando no filme. Essa escolha traz um misto de autenticidade, diversão e emoção, tornando Sing Sing uma experiência cinematográfica difícil de esquecer. Nota: 9.5/10
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