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Mickey 17

  • Diego Nicolau
  • 25 de fev.
  • 2 min de leitura


Uma ficção científica estrelada por Robert Pattinson e dirigida por Bong Joon-ho (o aclamado diretor de Parasita) já é suficiente para despertar expectativas altíssimas. E, de fato, Mickey 17 traz uma premissa instigante, mas será que entrega tudo o que promete?


A trama acompanha Mickey, um colaborador enviado a uma expedição para colonizar o mundo gelado de Niflheim. O conceito central do filme gira em torno de sua mortalidade peculiar: sempre que morre, um novo corpo é regenerado com a maioria de suas memórias intactas. Logo no início, entendemos suas motivações para aceitar esse trabalho, apesar de ele mesmo não ter lido toda a documentação necessária.


A narrativa se desenrola como uma sucessão de mortes e renascimentos, muitas vezes de maneira cômica. Esse humor peculiar é um dos pontos altos do filme, ajudando a tornar suas reflexões filosóficas mais acessíveis. Entre os temas abordados, destacam-se a noção de que, ao pisarmos em outro planeta, somos os verdadeiros alienígenas e a crítica sutil ao colonialismo espacial, incluindo uma provocação sobre a tentativa de padronizar a humanidade em uma raça “branca de olhos azuis”.


No entanto, o longa parece nunca fechar as portas que abre. Um exemplo disso é o personagem de Mark Ruffalo, que deveria ser um antagonista ao lado de sua esposa, mas cuja presença acaba sendo inexpressiva. Mesmo que a intenção fosse criar uma figura caricata, sua participação soa irrelevante na maior parte do tempo, tornando-se um dos pontos fracos do longa.


Por outro lado, Robert Pattinson entrega mais uma excelente performance, interpretando dois personagens opostos com tanta habilidade que realmente nos faz acreditar que são pessoas diferentes, apesar de compartilharem o mesmo rosto. Bong Joon-ho, como sempre, demonstra domínio da linguagem cinematográfica, com uma direção segura e belíssimos planos abertos do planeta Niflheim, que reforçam o isolamento e a grandiosidade da missão.


O maior desafio do filme, porém, é lidar com as expectativas. Quem conhece o diretor espera algo grandioso, um novo trabalho nota 10. Quando o que é entregue é um sólido 7, fica um leve gosto amargo. Ainda assim, um filme nota 7 continua sendo um ótimo filme. Vale a pena assistir no cinema, e o público certamente apreciará a experiência.


Por fim, vale mencionar o desfecho, que decepciona. Em vez de intensificar o clímax, o terceiro ato parece perder força e entregar algo apressado e anticlimático. É como se, ao invés de construir um grande final, o filme terminasse de forma abrupta, sem a grandiosidade que prometia.


Mickey 17 tem qualidades indiscutíveis e levanta questões interessantes, mas poderia ter sido mais ambicioso. Um bom filme, mas que deixa a sensação de que tinha potencial para ser ainda melhor.


Nota: 7.0/10

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