Natal Sangrento (2025)
- Diego Nicolau
- há 2 dias
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Natal Sangrento parte de uma premissa forte: Billy, marcado pelo assassinato brutal dos pais na véspera de Natal, cresce consumido pelo trauma e transforma a data em um ritual de vingança. Anos depois, usando o traje de Papai Noel como máscara e escudo emocional, ele inicia uma sequência de assassinatos que deveria unir horror psicológico e slasher clássico. É um conceito com potencial para força dramática e impacto visual, mas que infelizmente nunca encontra solidez.

O filme parece preso entre várias identidades. Ele tenta ser um slasher cru, um drama traumático, um horror psicológico e uma releitura moderna dos clássicos natalinos, tudo ao mesmo tempo e, por isso, não se firma em nenhuma dessas propostas. A narrativa avança como um conjunto de ideias lançadas sem filtro, resultando em uma obra fragmentada e sem eixo. As mudanças de tom são bruscas, e a sensação é de que o roteiro foi costurado com pedaços de filmes diferentes, sem o cuidado necessário para transformá-los em uma experiência coesa.
Os personagens sofrem especialmente com essa falta de foco. Billy, apesar de ter um passado trágico e espaço para um arco emocional mais denso, raramente passa de um símbolo genérico de fúria. A tentativa de confrontá-lo com Pamela, que poderia gerar tensão dramática, tampouco se desenvolve. Há cenas em que parece que algo vai enfim ganhar profundidade, mas tudo acontece rápido demais e sem construção como se o filme estivesse constantemente com pressa de chegar à próxima morte, sem nunca justificar por que devemos nos importar com quem está vivo.
Nem mesmo os momentos de violência, que deveriam ser o coração de um slasher, conseguem carregar o peso necessário. Embora graficamente eficazes, faltam contexto, atmosfera e expectativa. A direção não estabelece um clima de horror; apenas expõe a brutalidade sem transformá-la em algo verdadeiramente inquietante. Os “demônios” da narrativa seja literal, seja simbólico carecem de presença, parecendo conceitos pouco desenvolvidos que nunca atingem sua forma final.
Há, no entanto, uma faísca no terceiro ato: um pseudo-plot twist que reorganiza parte da narrativa e sugere que o filme poderia ter seguido um caminho mais ousado. É uma ideia interessante, que mostra que havia material para algo maior. Mas ela surge tarde demais e não é suficiente para corrigir os problemas acumulados pela falta de direção clara ao longo do filme.
No fim, Natal Sangrento é uma obra de ambição evidente, mas execução fraca. Tenta resgatar a brutalidade dos slashers clássicos e dar a eles um verniz psicológico moderno, porém se perde em excesso de tonalidades, escolhas apressadas e uma narrativa que nunca sabe exatamente o que quer ser. É um filme que tinha potencial para marcar a temporada de terror, mas acaba se tornando apenas mais um título que mistura boas ideias com má realização, sem identidade própria.
Nota final: 2,5/10.





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