Hamnet: A Vida Antes de Hamlet (2025)
- Diego Nicolau
- há 1 dia
- 2 min de leitura
Ambientado na Inglaterra do século XVI, Hamnet acompanha a dor silenciosa de um casal devastado pela perda de seu filho mais novo. A partir desse luto íntimo, o filme constrói uma experiência sensorial sobre memória, ausência e criação artística, sugerindo como essa tragédia pessoal ecoa na obra que mudaria a história do teatro para sempre.

Desde seus primeiros minutos, Hamnet deixa claro que não é um filme preocupado em conduzir o espectador pela mão. Pelo contrário: ele exige entrega. É uma obra que se constrói muito mais pela sensação do que pela palavra, e que transforma o silêncio, o tempo e o espaço em ferramentas narrativas tão importantes quanto os próprios personagens.
A direção de Chloé Zhao demonstra um domínio absoluto da linguagem cinematográfica. Cada enquadramento parece pensado para existir não apenas como imagem, mas como emoção. A câmera observa, espera, respeita. Há uma delicadeza quase espiritual na forma como o filme se recusa ao melodrama fácil e prefere a contemplação e é justamente aí que ele atinge sua maior força.
Tecnicamente, Hamnet é irrepreensível. A fotografia transforma paisagens naturais em estados emocionais, usando luz, sombra e textura para traduzir o luto em imagem. O design de som é minimalista, mas profundamente expressivo, criando uma atmosfera que envolve o espectador por completo. Tudo no filme trabalha para a mesma finalidade: fazer sentir. Não surpreende que a obra já seja tratada como favorita absoluta nas categorias técnicas das grandes premiações.
O que mais impressiona, porém, é como Hamnet amplia a experiência de quem assiste. Não é apenas um filme bonito é um filme que permanece. A emoção que ele provoca não vem só de grandes discursos, mas da identificação com a perda, com o amor interrompido, com aquilo que nunca foi dito. Durante a sessão, era visível o impacto no cinema: lágrimas, silêncio prolongado, aquela sensação de que algo foi tocado de forma profunda.
A crítica internacional tem sido praticamente unânime ao tratar Hamnet como uma obra sensível, madura e poderosa, elogiando sua coragem de apostar na sutileza e na experiência sensorial em um cinema cada vez mais apressado. É um filme que não busca agradar a todos e justamente por isso se torna tão especial.
Mesmo chegando oficialmente aos cinemas apenas em janeiro de 2026, Hamnet já se firma como um dos grandes filmes vistos em 2025. Um verdadeiro ponto de parada. Um daqueles eventos cinematográficos que lembram por que o cinema ainda é capaz de emocionar, silenciar e transformar quem se dispõe a vivê-lo por inteiro. Nota: 8.5/10





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