Frankenstein (2025)
- Diego Nicolau
- 9 de nov.
- 2 min de leitura
Em uma Europa mergulhada em escuridão e desespero, o ambicioso cientista Victor Frankenstein desafia os limites da vida e da morte ao criar uma criatura feita de pedaços de corpos humanos. O que nasce de seu experimento não é apenas um ser vivo, mas uma reflexão brutal sobre humanidade, rejeição e responsabilidade. À medida que Criador e Criatura se confrontam, o filme revela os dois lados desse elo trágico: o desejo de ser deus e o horror de ser sua obra.

Guillermo del Toro entrega em Frankenstein um filme épico, visualmente deslumbrante e emocionalmente complexo. Ele não faz apenas mais uma adaptação do clássico de Mary Shelley ele recria o mito com seu toque característico, explorando o lado humano tanto de Victor, quanto de sua criação. O diretor não busca apenas o terror, mas a dor, a solidão e a beleza que nascem do que é imperfeito.
O filme impressiona em todos os aspectos técnicos. A fotografia é meticulosa e densa, com uma iluminação que parece emergir das entranhas do próprio laboratório. A criação de universo é impressionante: cada cenário respira o ar úmido, gótico e melancólico que é marca de del Toro. A cinematografia carrega uma força e os enquadramentos são cheios de textura, profundidade e emoção. É um filme que demonstra controle total de direção, em que cada movimento de câmera, cada corte, cada respiração tem propósito.
Narrativamente, del Toro escolhe um caminho ousado: contar a história de ambos, Criador e Criatura, de forma equilibrada. Não há herói ou vilão, apenas duas figuras presas em um ciclo de culpa e abandono. Victor é mostrado não como o típico cientista enlouquecido, mas como um homem destruído pelo próprio gênio; enquanto a Criatura, interpretada com força e sensibilidade, é um ser que desperta empatia mesmo em sua fúria. Esse duplo olhar dá ao filme uma dimensão emocional rara, é um estudo sobre a humanidade em sua forma mais despedaçada.
Alguns podem sentir que o filme tenta abraçar demais: a origem, o drama moral, o terror gótico e o lirismo trágico. Mas, para mim, essa mistura funciona perfeitamente. Essa ambição é o que torna o longa tão grandioso. Frankenstein é um filme que não tem medo de ser intenso, de ser total, e é justamente aí que ele brilha. Del Toro orquestra tudo com uma segurança impressionante, conduzindo o espectador entre o horror e a poesia com a mesma precisão com que Victor manipula suas ferramentas.
No fim, o que mais impressiona é como del Toro transforma um clássico conhecido em algo profundamente pessoal. Frankenstein não é apenas sobre criar vida, é sobre criar sentido. É um filme que fala sobre o peso de ser deus e o sofrimento de ser filho desse deus. Sobre a necessidade de amor, e o abismo que se abre quando esse amor é negado.
Para mim, funcionou completamente. Del Toro consegue equilibrar emoção e técnica, criando uma experiência cinematográfica poderosa, densa e inesquecível. Frankenstein (2025) é uma obra de arte sobre o ato de criar, sobre o limite entre o homem e o monstro, sobre o reflexo que vemos quando olhamos para aquilo que fizemos. Um filme em que o terror é apenas o primeiro passo rumo à humanidade. Nota: 9.0





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