Como treinar seu dragão (2025)
- Diego Nicolau
- há 12 minutos
- 2 min de leitura
Numa Hollywood cada vez mais tomada por live-actions genéricos, que trocam alma por bilheteria e emoção por algoritmo, Como Treinar o Seu Dragão (2025) surge como uma rara exceção. O filme recria a história com respeito, beleza e, principalmente, coração.
Na inóspita ilha de Berk, onde vikings travam batalhas ancestrais contra dragões, vive Soluço (Mason Thames), um jovem criativo e desajeitado que nunca parece corresponder às expectativas de seu pai, o temido chefe Stoico (Gerard Butler). Tudo muda quando Soluço derruba um lendário Fúria da Noite, mas decide não matá-lo — e sim criar um laço. Nasce ali uma amizade improvável com o dragão que ele chama de Banguela, capaz de desafiar séculos de medo e ignorância.
A direção aposta na emoção como força motriz. Não se trata apenas de cenas grandiosas, mas de pequenos gestos, olhares e silêncios que constroem uma relação real entre Soluço e Banguela. Ao lado da valente Astrid (Nico Parker) e do excêntrico ferreiro Bocão Bonarroto (Nick Frost), o protagonista lidera uma jornada de transformação que toca não só sua vila, mas também o coração do público.
E que delícia é ver Gerard Butler de volta ao papel de Stoico, o pai viking de coração duro. Seu retorno à franquia é uma das decisões mais acertadas do filme: ele está imponente, carismático e surpreendentemente à vontade em cena. Butler lutando contra dragões? Simplesmente maravilhoso. Há um peso emocional em sua presença, uma autoridade que fortalece ainda mais os dilemas de pai e filho.
Outro destaque é Nico Parker, que entrega uma Astrid encantadora e determinada. Ela domina a tela com segurança e sensibilidade, transformando a personagem em um dos pontos altos da nova versão. Nico não só sustenta a força da guerreira viking, como também revela camadas mais sutis de afeto e coragem que tornam Astrid inesquecível.
Tecnicamente, o filme é um espetáculo. O CGI impressiona — os dragões são vivos, expressivos e incrivelmente detalhados. Banguela continua sendo uma das criaturas mais cativantes do cinema moderno: uma mistura de charme felino, humor e empatia que rouba a cena sempre que aparece. Dá vontade de sair do cinema direto pra adotar um dragão.
Com pequenas mudanças em relação à animação original, a adaptação consegue surpreender até quem conhece cada cena de cor. Algumas sequências foram repensadas ou retiradas, enquanto novas inserções enriquecem a mitologia da obra sem jamais trair seu espírito.
Com a participação criativa de Dean DeBlois, diretor da trilogia animada, o filme acerta ao equilibrar nostalgia com novidade. É, sem dúvida, uma das melhores adaptações em live-action dos últimos tempos.
Bonito, emocionante e cheio de verdade, é um presente para os fãs e uma porta de entrada digna para novos públicos.
Um voo épico que merece ser sentido com o coração.
Nota: 8.5/10
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