Bailarina (2025)
- Diego Nicolau
- 4 de jun.
- 2 min de leitura
Spin-offs costumam carregar o fardo de viver à sombra de seus predecessores. Quando um personagem consagrado como John Wick aparece — mesmo que de forma breve —, a dúvida inevitável surge: o novo protagonista é forte o suficiente para segurar a trama ou estamos apenas revivendo emoções de filmes passados? No caso de Bailarina, eu esperava exatamente isso. E, felizmente, estava completamente enganado.
Dirigido com firmeza e visão, Bailarina nos apresenta a jornada de vingança de uma jovem assassina moldada pelas tradições dos Ruska Roma — o mesmo clã que moldou Wick. O pano de fundo é o universo brutal e estilizado que a franquia já estabeleceu, mas agora com uma protagonista que brilha com luz própria. Ana de Armas entrega uma performance intensa, física e carregada de emoção. Ela não só sustenta o protagonismo — ela o domina. Terminei o filme já torcendo para vê-la novamente nesse papel.
A ação continua sendo o carro-chefe da franquia, e aqui ela é tratada com o mesmo cuidado quase coreográfico que transformou John Wick em um marco do cinema de ação moderno. Nada de cortes frenéticos ou câmera trêmula: cada movimento é claro, preciso e impactante. É um balé de violência que valoriza tanto a fisicalidade quanto a composição visual. E, como já é tradição, qualquer objeto vira arma: de patins a janelas de carro, tudo se transforma em ferramenta de sobrevivência.
O roteiro acerta ao manter a história coesa. Mesmo com uma origem relativamente familiar, a construção da personagem é sólida o suficiente para gerar empatia e engajamento. Você entende a dor dela, compartilha sua sede por justiça, e embarca sem hesitar em sua batalha contra o mundo.
Vale destacar que, apesar da participação especial de John Wick (em um momento que os fãs certamente vão reconhecer), o protagonismo jamais escapa das mãos de Ana. O filme é sobre ela — e isso está claro do começo ao fim.
Se existe um ponto de ressalva, talvez seja o senso de urgência em alguns momentos. Os matadores do universo de Wick sempre pareceram implacáveis e organizados, mas aqui parecem menos ameaçadores ou desconectados da complexa mitologia que conhecemos. Ainda assim, essa leve dissociação não compromete a experiência.
Mesmo para quem, como eu, não é fã declarado da franquia original, Bailarina é um respiro bem-vindo, um filme que se sustenta com estilo, garra e uma protagonista que chegou para ficar. Fãs de ação, preparem-se: Ana de Armas dança sobre os cadáveres com elegância e força.
Nota: 8.0/10





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