Amores Materialistas (2025)
- Diego Nicolau
- 4 de ago.
- 2 min de leitura

Em Amores Materialistas, Lucy (Dakota Johnson) é uma casamenteira de elite em Nova York que comanda uma agência onde relacionamentos são tratados como investimentos. Sua vida toma um rumo inesperado ao se envolver com Harry (Pedro Pascal), um milionário ideal, e John (Chris Evans), seu ex-namorado falido. Dividida entre segurança e sentimento, Lucy precisa escolher entre o amor que parece perfeito no papel e o que é verdadeiro na prática.
Amores Materialistas é o tipo de filme que seduz à primeira vista, mas frustra ao primeiro mergulho. Visualmente charmoso, embalado por um elenco que promete Pedro Pascal e Chris Evans entregam atuações convincentes, cheias de presença e sensualidade, o longa tropeça justamente onde mais deveria brilhar: na profundidade emocional. Dakota Johnson, apesar de estar no centro da trama, parece deslocada, sem peso dramático, e entrega uma performance fraca, que não consegue sustentar os dilemas que sua personagem carrega. A química entre os personagens até existe mas nada ultrapassa a superfície e é exatamente aí que o filme revela sua maior fraqueza.
A direção de Celine Song, que emocionou o mundo com o belíssimo Vidas Passadas, aqui aparece apenas em fragmentos. Há ecos da delicadeza e do olhar empático que marcaram sua estreia, mas em Amores Materialistas tudo isso soa esvaziado. Os temas são jogados na tela relações superficiais, escolhas baseadas na aparência, o utilitarismo do amor mas nada é de fato explorado com consistência. A personagem que sofre uma agressão, por exemplo, poderia ser um ponto de partida potente para discutir vários tópicos mas o filme menciona o fato como quem passa por ele correndo. Não há aprofundamento, não há debate real, só o esboço de um tema maior que nunca chega a acontecer.
Essa fragilidade do roteiro, que parece ter medo de se comprometer com qualquer uma das camadas que propõe da a impressão que o filme tenta ser sofisticado, mas nunca passa de um gesto estético. É bonito, tem uma trilha sonora envolvente, figurino elegante, atuações leais no trailer mas a experiência completa é rasa.
O que mais incomoda é que Amores Materialistas tinha tudo para ser um estudo contemporâneo sobre as relações amorosas marcadas pelo desejo e pelo capital, um retrato de como o material molda o afetivo nos dias de hoje. Mas em vez disso, escolhe ficar na zona de conforto da comédia romântica chique, repetindo fórmulas que encantam à primeira vista, mas não resistem ao tempo. A direção de Song, que poderia ser um diferencial, acaba soando neutra. Não compromete, mas também não arrisca. E isso é o mais frustrante porque a gente sabe do que ela é capaz.
No fim, o filme até tenta parecer mais do que é, mas se contenta com menos. Amores Materialistas é um longa que encanta pelo elenco e pela estética, mas decepciona pelo vazio que deixa depois dos créditos. Um romance sobre aparências que, ironicamente, não consegue ir além das suas. Nota: 4.5/10





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