A mulher no jardim
- Diego Nicolau
- há 23 horas
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A Mulher no Jardim, é uma tentativa de thriller psicológico que, apesar de suas intenções atmosféricas, tropeça ao carregar mais simbologia do que narrativa consistente, o longa tenta construir um drama de luto travestido de terror, mas esbarra em uma execução confusa e desigual.
Danielle Deadwyler é o centro emocional da obra, e talvez seu único verdadeiro alicerce. A atriz entrega uma performance intensa e crua como Ramona, uma mulher marcada pela tragédia, agora vivendo com seus filhos em uma propriedade rural onde a realidade parece se desfazer pouco a pouco. Quando uma figura misteriosa começa a surgir no jardim de casa, a dúvida sobre o que é real ou alucinação se torna o motor da trama.
O diretor escolhe manter o tom ambíguo e sutil, flertando com o horror psicológico, é compreensível — o problema é que ele se apoia demais nisso. A ausência de uma narrativa coesa transforma a ambiguidade em frustração. O terceiro ato, especialmente, revela-se um amontoado de simbolismos mal resolvidos e reviravoltas que pouco dialogam com a jornada emocional da protagonista.
Visualmente, o filme faz uso eficaz da ambientação rural como extensão do estado mental de Ramona: o isolamento, o silêncio e o vazio. A direção de fotografia é precisa ao evocar tensão sem precisar apelar para sustos fáceis. Ainda assim, a atmosfera densa não consegue sustentar o roteiro, que parece hesitar entre desenvolver seus personagens ou servir às exigências do gênero.
É curioso notar que A Mulher no Jardim possui o esqueleto de um grande filme sobre luto e culpa, mas opta por uma via mais superficial. As metáforas estão lá — o jardim como espaço de repressão emocional, a figura intrusa como manifestação do trauma —, mas elas não encontram ressonância plena na construção do enredo.
No fim, o longa é mais interessante como ideia do que como experiência. Para quem aprecia thrillers existenciais com pegada simbólica, há momentos dignos de análise. Mas para o público em busca de tensão bem amarrada e desfechos catárticos, A Mulher no Jardim pode parecer apenas mais uma silhueta entre as sombras.
Nota: 4.0/10
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