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Bird

  • Diego Nicolau
  • 13 de out. de 2024
  • 2 min de leitura

FESTIVAL DO RIO - FERNANDO GOMES

(@_fgdalmeida)


Considerado um dos favoritos à premiação máxima em Cannes, Bird definitivamente carregava consigo altas expectativas. Além, obviamente, do hype o longa é o mais novo projeto de Andrea Arnold, uma diretora admirável que vem influenciando cineastas com sua capacidade de retratar comentários sociais de forma cândida e realista.

Acompanhamos aqui Bailey uma jovem de 12 anos que vive uma realidade conturbada. Entre um pai ausente, uma mãe ainda mais ausente e sua conturbada adolescência, Bird retrata as dificuldades de se conciliar o amadurecimento - com breves comentários sobre identidade de gênero — e as tribulações de uma vida complexa.

Esses são temas que sempre permearam a filmografia da diretora, história sobre pessoas que enfrentam duras realidades e precisam enfrentar seus problemas auto-infringidos e os impostos a elas.


E impossível não admirar a direção detalhada e fotografia intimista que constrói Bird. Desde a movimentação de câmera na mão até os incontáveis takes reportados pela equipe e diretora.

Tudo aqui tem uma intencionalidade, mas essas intenções parecem nunca verdadeiramente se concretizar. O filme tem uma trama simples e um roteiro enxuto, que muitas vezes recai em momentos que parecem redundantes ou irrelevantes pra trama, principalmente na metade do filme.

A sensação pessoal foi a de monotonia, não pelo ritmo mais lento do filme, mas por parecer prolixo principalmente na sua ênfase em te bombardear com cenas de pássaros (Birds), pra garantir que você entenda a temática de liberdade. Algo que poderia ter sido condensado e obtido o mesmo resultado.

As atuações, são mais do que competentes, até pela famosa capacidade da diretora de guiar novos artistas. Porém, me parece que o mundo ao redor de Bailey é apenas uma grande paisagem, um plano de fundo sem vida pra sua rebeldia e confusão pessoal. Personagens que não cativam em subtramas que tem zero eficácia fizeram com que eu me questionasse sobre a validade de diversos momentos do filme.


Minha experiência foi a de que é um filme que parece inseguro de sua própria mensagem. Ele sabe o que quer comunicar, mas não necessariamente como o fazer. Temas como vigilantismo, violência doméstica, abuso de substâncias, gravidez na adolescência e identidade de gênero são todos trazidos a tona, mas nunca uma resolução satisfatória chega pra nenhum deles. É possível que esse bombardeio de emoções e situações seja um reflexo do turbilhão de informações que nos atinge quando somos adolescentes. E se for isso, não acredito que o filme tenha conseguido construir essa atmosfera.

No fim, chegamos ao clímax do filme que pende pra um realismo mágico que deve incomodar alguns espectadores, mas serve pra reforçar a ideia do filme. Bird fala sobre liberdade, mas liberdade através do dever. Da capacidade de altruísmo silencioso, de cuidar do próximo e da compreensão que solidariedade é muitas vezes a válvula de escape para realidades cruéis. O final do filme emociona e te deixa com um sabor doce na boca. A sensação foi de mastigar um chiclete sem sabor por 1h55 e receber um novo nos últimos 5 minutos.

 
 
 

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