top of page

The fall

  • Diego Nicolau
  • 8 de out. de 2024
  • 3 min de leitura



FESTIVAL DO RIO - POR FERNANDO GOMES (_@fgdalmeida)


"The Fall" foi restaurado e exibido em sua versão

4K. O filme que conta com as palavras

"apresentado por David Fincher e Spike Jonze" nos primeiros segundos já inspira, apenas por isso, confiança.

Aqui acompanhamos Roy Walker, um ex-dublê que se encontra em recuperação no hospital após sofrer um acidente durante umas de suas acrobacias.

Nesse mesmo hospital acompanhamos Alexandria, uma jovem de cinco anos que quebrou o braço trabalhando na colheita de laranjas e se vê buscando uma fuga do tédio que a consome.

Essa amizade nada provável começa a se desenvolver, quando um dia após encontrar um bilhete de Alexandria, Roy começa a interagir com a mesma e lhe contar uma breve história de um grupo de heróis em busca de vingança.

Primeiramente desconfiada, Alexandria rapidamente se torna extremamente interessada nos destinos desses personagens e começa a visitar seu novo amigo todo dia.


A maior façanha de The Fall é a naturalidade com a qual concilia duas histórias paralelas com maestria.

De um lado o conto de Roy, que funciona quase como uma fábula e do outro a vida real dele e de Alexandria nesse processo de recuperação. O conto que começa extremamente instigante vai se desdobrando em algo pessimista, ao passo que descobrimos mais sobre o acidente e a vida de Roy do lado de fora.

Gradativamente o filme começa a misturar realidade e ficção. E personagens que pareciam fictícios começam a se ancorar em personagens do mundo real. Somos conduzidos juntos com Alexandria na descoberta dessas figuras e das motivações de Roy. Já o ex-dublê ao mergulhar em sua própria fábula revela não apenas seu inconsciente, mas que também o leva numa jornada de auto-conhecimento.

Esse é um daqueles filmes que fica desproporcionalmente triste em determinados momentos. Mas, no fundo ele é um filme sobre como conexões mudam nossas ideias, portanto o nosso imaginário, que por ventura alteram nossa realidade, finalmente alterando nossa auto-percepção.


The Fall é um filme estonteante visualmente, seja pela saturação de cores, suas paletas, ou a fotografia que transita entre a regra dos três quartos e simetria com naturalidade. Não faz jus a obra dizer o quão bonita ela é visualmente e o quão criativo são os cenários e sets apresentados. O figurino também não deixa a desejar em momento algum e definitivamente transmite esse ar de fantasia. E tudo isso, trabalha pra demonstrar diferentes conceitos e emoções.

Tudo na mente de Roy tem um propósito e um paralelo na vida real, desde a cidade azul (que remete a cidade da tristeza) até os cavaleiros em armadura pretas simbolizando sua batalha contra depressão. Uma análise maior desses detalhes e paralelos seria necessária, mas acredito que não caiba em um review.

Nada disso no entanto seria relevante sem as duas grandes atuações centrais que comovem e entretém com a mesma intensidade. O roteiro é ótimo porque também separa bem o tom da fantasia, do tom mais fúnebre da realidade. O filme se entende e sabe pontuar tanto os momentos de seriedade, quanto os momentos de humor com competência — mais de uma piada me fez genuinamente rir pela auto-consciência que o filme tem sobre os clichês do gênero.


Pessoalmente, foi uma aventura intrigante de se acompanhar do início ao fim, com uma das aberturas mais marcantes que vivenciei. O final talvez recaia demais no melodramática e no apelo da nostalgia para fincar seu ponto de que histórias mudam vidas, arte muda vida, a ficção altera a realidade. Porém, filmes sobre contar histórias, normalmente tem essa vontade de servir como uma carta de amor de seus criadores à arte de contar histórias. E aqui não é diferente.

 
 
 

Comentários


Perifa Film

©2023 por PerifaFilm.

bottom of page