Telefone Preto 2 (2025)
- Diego Nicolau
- 9 de out.
- 2 min de leitura
Telefone Preto 2 chega com o peso de continuar uma das histórias mais legais do terror recente, retomando o universo sombrio criado por Scott Derrickson. Depois dos acontecimentos do primeiro filme, a sequência volta à pequena cidade traumatizada pelos sequestros e pelas visões de Finney Blake, agora mais velho e tentando seguir em frente ao lado da irmã Gwen. Só que o passado não desaparece tão fácil. Dessa vez, o terror não está apenas na figura do vilão, mas nas cicatrizes deixadas por tudo o que veio antes.

O filme tenta expandir o universo do original, explorando o lado sobrenatural e as consequências psicológicas do que aconteceu. A ideia é boa: existe um esforço visível em aprofundar o impacto emocional e mostrar como o medo se transforma em memória, como o mal ecoa através das pessoas. Mas, na prática, o resultado é irregular. O ritmo é o primeiro obstáculo. O filme demora demais para engrenar, e quando a ação finalmente começa, ela não tem o mesmo impacto. O suspense, que era o coração do primeiro longa, dá lugar a um terror mais voltado para o gore e para o choque visual. É como se a direção tivesse trocado a tensão silenciosa e sufocante por sustos mais explícitos, e nessa troca o filme perde boa parte do que o tornava especial.
Os novos personagens entram na trama sem grande propósito. São pouco desenvolvidos e não chegam a acrescentar emoção à história. Mesmo se fossem retirados do roteiro, o desenrolar dos acontecimentos seguiria praticamente igual, o que deixa o filme com uma sensação de vazio. Falta conexão, falta peso. Ainda assim, há lampejos do que poderia ter sido: as cenas envolvendo o telefone continuam sendo as mais criativas e inquietantes, com aquela atmosfera sobrenatural que o primeiro filme dominava tão bem.
Visualmente, Telefone Preto 2 é forte. A fotografia e o design de som continuam sendo grandes aliados da narrativa, e a presença do Sequestrador mantém a tensão viva. Ele entrega um vilão perturbador, agora envolto em uma aura de mistério e crueldade que ganha novas camadas. Esses elementos que impedem o filme de se perder completamente, mostrando que ainda existe talento e identidade.
Mas, no fim, a sensação é de desequilíbrio. Telefone Preto 2 tenta crescer, tenta ser mais grandioso e sombrio, mas acaba ficando apenas mais barulhento. Falta ritmo, falta foco, falta o suspense psicológico que prendia a gente no primeiro. O terror aqui é mais visual, mais espalhado, menos envolvente. Ainda há boas ideias, boas atuações e momentos de tensão real, mas eles se perdem em meio a uma narrativa que hesita o tempo todo entre o medo e o espetáculo.
No fim das contas, Telefone Preto 2 é uma sequência que tenta honrar o original, mas não entende totalmente o que o fez funcionar. É um filme que tem ambição e estilo, mas que perde o coração no caminho. Não é ruim, mas fica aquém do que poderia ser. Pra quem esperava o mesmo impacto do primeiro, é difícil não sair decepcionado. Nota:5.0/10
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