Pisque duas vezes

Quando o nome de Jordan Peele é mencionado em qualquer discussão cinematográfica, especialmente em relação a novos diretores e seus primeiros projetos, é fácil que o público, e até os críticos, façam comparações. Portanto, quando as primeiras reações a *Pisque Duas Vezes* apontaram similaridades com a temática do mestre do terror psicológico, minha curiosidade foi instantaneamente aguçada. Fui conferir, e a surpresa foi, de fato, grata.

*Pisque Duas Vezes* marca a estreia de Zoe Kravitz na direção de longas-metragens, e é uma estreia que deixa uma impressão duradoura. O filme nos apresenta a Slater King (Channing Tatum), um bilionário da tecnologia que, ao conhecer Frida (Naomi Ackie), uma garçonete em sua gala beneficente, a convida para se juntar a ele e seus amigos em uma viagem dos sonhos para sua ilha privada. O ambiente paradisíaco e a atmosfera de diversão constante rapidamente se transformam em uma trama cheia de tensão e mistério, à medida que eventos estranhos começam a acontecer, levando Frida a questionar sua própria realidade.

A primeira coisa a se destacar é a atmosfera que Kravitz constrói. Desde os primeiros momentos, o filme carrega uma estranheza palpável, um desconforto que cresce conforme a história avança. É aquele tipo de filme que te deixa inquieto, mesmo antes que as coisas realmente começassem a dar errado. Kravitz brinca com planos fechados, usa flashbacks de forma inteligente e cria um suspense que, embora não seja inovador, é executado com grande competência.

Contudo, *Pisque Duas Vezes* não é isento de falhas. Algumas cenas se repetem de maneira que, apesar de coerentes com a narrativa, poderiam ter sido abordadas de outra forma para evitar uma certa monotonia visual. Além disso, o filme insiste em reforçar sua mensagem central.

É como se o roteiro sentisse a necessidade de sublinhar seus pontos, perguntando ao espectador várias vezes: "Você entendeu, não é? Certeza que entendeu?"

Em termos de atuações, Kravitz tirou o melhor de seu elenco. Enquanto Channing Tatum entrega uma performance sólida, são Naomi Ackie e Adria Arjona que realmente se destacam, trazendo uma carga emocional profunda a seus papéis. Elas adicionam camadas às suas personagens que ajudam a elevar o filme além de sua superfície estética.

Por fim, *Pisque Duas Vezes* se consolida como um thriller intrigante, com um suspense bem dosado e uma trama envolvente. A estreia de Zoe Kravitz na direção é promissora e merece ser conferida, especialmente na tela grande, um verdadeiro presente para os fãs de cinema que apreciam uma boa dose de mistério e tensão.

Se você gosta de narrativas que desafiam sua percepção e te fazem questionar o que é real, Pisque Duas Vezes é um título que não pode faltar na sua lista.

Nota: 8.0/10