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GOAT (2025)

  • Diego Nicolau
  • 5 de out.
  • 2 min de leitura

Him é um mergulho psicológico no colapso de um atleta que se torna ídolo de massa. O filme acompanha a jornada de um homem que, após alcançar a glória, começa a ser corroído pelas próprias expectativas, do público, da fé e de si mesmo. O esporte é apenas o cenário: o verdadeiro embate acontece dentro dele.

Produzido pela Monkeypaw, de Jordan Peele, o longa usa o horror e o drama esportivo como espelhos para falar sobre idolatria, sacrifício e controle, sobre o preço de se tornar o “Deus” que as pessoas querem que você seja.



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Him é um filme sobre corpos e crenças. Ele não busca o susto, mas o desconforto. A cada sequência, o espectador é confrontado com a transformação do sucesso em penitência, a glória como maldição.

A fotografia de Kira Kelly é o fio condutor dessa sensação. As luzes artificiais, as sombras densas e o uso quase litúrgico da cor criam uma atmosfera sagrada e doentia. Cada plano parece confinar o protagonista dentro do próprio mito, como se o mundo ao redor o observasse com devoção e julgamento ao mesmo tempo.



A trilha sonora de Bobby Krlic é um dos pilares do filme. Ela pulsa entre o sagrado e o infernal, alternando entre o silêncio tenso e o ruído ensurdecedor. As batidas parecem acompanhar o ritmo cardíaco do protagonista, ora calmo, ora em colapso.

Essa modulação constante entre o equilíbrio e o caos transforma o som em linguagem espiritual. O áudio vibra como uma prece distorcida, ecoando o tema central do filme: a fé no corpo e a fé no mito.



No centro de tudo está Marlon Wayans, numa das atuações mais surpreendentes de sua carreira. Conhecido pela comédia, ele surge aqui completamente despido de humor, num papel que exige contenção, vulnerabilidade e brutalidade emocional.

Sua presença segura o filme mesmo quando o roteiro vacila, é no olhar dele que vemos a luta entre o homem e o símbolo. Wayans faz de GOAT uma experiência quase confessional, onde cada movimento parece um pedido de redenção.




O roteiro, apesar de irregular, é rico em metáforas. GOAT não quer explicar, quer sugerir. Suas imagens e silêncios constroem um labirinto de significados: a fé como vício, o corpo como templo e o sucesso como forma de sacrifício moderno.

As metáforas se acumulam até o desfecho, quando o filme deixa claro que sua intenção nunca foi contar uma história linear, mas criar um ritual visual sobre o que significa ser adorado e o quanto isso destrói o que ainda é humano em nós.



Mesmo com tropeços narrativos, GOAT é uma das experiências mais sensoriais e ambiciosas do ano. É cinema que provoca, que incomoda, que não se contenta em ser entendido.

No fim, não importa o que é real e o que é simbólico, importa o que se sente.

E o que GOAT faz o espectador sentir é justamente o peso da glória… e o horror que existe dentro dela. Nota: 7.5/10

 
 
 

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