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El Castigo

  • Diego Nicolau
  • 8 de out. de 2024
  • 2 min de leitura

FESTIVAL DO RIO - POR FERNANDO GOMES

(@_fgdalmeida)


Um casal para no meio da estrada e finge que vai abandonar seu filho pra lhe ensinar uma lição. Após tirar o garoto do carro começam a dirigir na estrada, com o intuito de assustá-lo, mas após menos de dois minutos retornam apenas para não o encontrarem novamente.

Esse tipo de castigo ou punição não é tão incomum quanto parece, talvez o abandonar na estrada seja o extremo, mas provavelmente seus pais já se esconderam de você enquanto te observavam de longe. O problema é que aqui o falso abandono, se torna um abandono efetivo o que começa a contrapor a necessidade de castigar contra o dever de cuidar.

O Castigo nos leva numa jornada de uma hora e meia na busca desse garoto em tempo real ou seja, o tempo do filme é o nosso tempo. Mas, mais que isso esse suspense é gravado em apenas um take - gravado sete vezes em sete dias até chegar nesse corte — o que por si só já é uma conquista cinematográfica brutal. Por isso, vale imediatamente ressaltar o trabalho de câmera, direção e as atuações vistas aqui.


A construção do filme é bem gradativa, até mesmo prolixa as vezes, o que faz com que o filme parece nunca verdadeiramente engatar em um ritmo agradável. Esse problema, também faz com que o filme verdadeiramente não diga muita coisa, ou expresse muita coisa em sua primeira hora inteira.

Existe até uma frieza não natural dos pais da criança que incomodam, uma falta de desespero que beira a psicopatia.

O roteiro começa tímido, mas vai com segurança desenhando os cenários que levaram os pais a escolherem aquele castigo, enquanto começa a desenhar as inseguranças de cada um em relação a maternidade e paternidade. Um dos temas do filme é sobre percepção social e vergonha, demonstrados pelos pais que constantemente se preocupam em como seus amigos, chefes, familiares e iguais vão lhes julgar após esse evento.

Mas, o filme também vai falar principalmente sobre amor condicional e sobre como ser bom em algo, não necessariamente garante que você queria fazer aquele algo. Pelo contrário, talvez se crie até um ressentimento pela obrigação de "usar o seu dom".


O filme brilha muito na sua parte técnica, mas derrapa muito no segundo ato. Isso torna a experiência desinteressante, ainda que ele deixe algumas migalhas de um quebra-cabeça maior no caminho. Porém, a conclusão e o monólogo final do filme é esplêndido, tanto em entrega quanto em conteúdo. De uma vulnerabilidade e honestidade diabólica que impressiona. Isso faz com que o filme se encerre no ápice, quase te fazendo esquecer do ócio no segundo ato. Ambicioso demais pro seu próprio bem, O Castigo acerta na forma, mas erra na função do meio.

 
 
 

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