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A vilã da nove

  • Diego Nicolau
  • 11 de out. de 2024
  • 2 min de leitura

FESTIVAL DO RIO - POR FERNANDO GOMES

(@_fgdalmeida)



"A Vilã das Nove" é definitivamente a surpresa do festival pra mim. O equivalente cinematográfico a conhecer uma pessoa extremamente engraçada, mas repleta de traumas. Essa é uma dramédia, ou comédia dramática, que é inacreditável como comédia e mediana como drama.

Aqui acompanhamos uma mulher adulta, que descobre que a nova vilã da novela das nove é uma recontagem exata de sua própria história de vida.

Uma história que talvez te remeta ao episódio de Black Mirror onde uma mulher tem sua vida adaptada como mini-serie todos os dias. A distinção é que "A Vilã das Nove" não só compreende o absurdo da sua premissa, como também trabalha o exagero performático e o lado

"galhofa" das novelas com precisão. O humor é maravilhoso, com uma cena de treinamento vocal com um ator do nordeste sendo uma das coisas mais engraçadas que vi nas telas de cinema, mas também uma das mais auto-conscientes de si e da indústria da qual é produto.


Basicamente acompanhamos a história real das pessoas que inspiraram a novela e a novela em si. E o retrato da indústria, dos clichês e a caminhado gradativa para que o realismo e o novelismo se mesclem na narrativa é fantástico. Começamos em um tom mais sério e sóbrio, de algo que poderia ser uma série de grande orçamento, ou um grande filme e andamos em direção ao pastelão novelistico. Feito com tanta naturalidade e carisma que é impossível não rir da indústria com a própria indústria sobre a própria indústria audiovisual brasileira.

Já no aspecto dramático o filme parece realmente não saber, ou querer, se aprofundar tanto nas motivações e desenvolvimento de cada um. Nesses momentos a efetividade do filme cai bastante, embora seja impossível não admirar o tamanho dos saltos entre comédia e drama que ele assume.

Nunca com medo de se arriscar, ou parecer ridículo

"A Vilã das Nove" se apoia no absurdo e inesperado para criar momentos brilhantes.


Tematicamente é um filme que fala sobre reconciliação, abandono parental, traumas e ambições — até arrisca falar sobre a obsessão brasileira com novel e do mundo em borrar as linhas entre ficção e realidade, mas falha. E mesmo que seja repleto de boas intenções, esses temas nunca chegam a se equilibrar com a parte cômica do filme. Como drama ele deixa bastante a desejar, mas como comédia ele é excepcional. As atuações conseguem acompanhar o pêndulo emocional que atravessa o filme e entrega o necessário.

E de uma compreensão de si e da indústria que habita fantástica. Algo que serve como critica, mas também como uma carta de amor às fundações do gênero. Teo Poppovick entrega uma direção criativa e peculiar que apenas alguém apaixonado pela cultura cinematográfica brasileira poderia entregar, entregando assim um filme do coração que deve surpreender a todos.

 
 
 

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