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A Ordem

  • Laercio Barbosa
  • 12 de fev.
  • 2 min de leitura

"A Ordem" (2025) se propõe a contar uma história real com um olhar cru e desprovido de romantizações, explorando a ascensão e os atos violentos de um grupo extremista nos Estados Unidos. Com direção de Justin Kurzel, o longa acompanha a trajetória do jovem Bon (Nicholas Hoult) que, seduzido por uma ideologia radical, se vê cada vez mais envolvido em atos de violência e terrorismo doméstico. No outro extremo, temos um agente do FBI chamado Terry (Jude Law) que, ao longo da investigação, percebe que esse caso vai além de um simples trabalho – ele está lidando com um movimento que se infiltra silenciosamente na sociedade. O filme busca construir um drama denso e realista, apostando em uma abordagem fria e direta, que não tenta suavizar ou estilizar a brutalidade dos acontecimentos.


A escolha estética de manter um tom cru e distante funciona em certos momentos, reforçando o desconforto e a impessoalidade da violência retratada. No entanto, essa frieza também acaba minando parte da tensão que deveria sustentar a narrativa. Em alguns trechos, a história parece perder o senso de urgência, como se os eventos acontecessem em um ritmo automático, sem a construção necessária para que o espectador sinta o peso de cada acontecimento.


O roteiro flerta com a ideia de uma análise psicológica profunda dos personagens, mas, por vezes, se prende a uma estrutura mais expositiva do que envolvente. Isso faz com que algumas cenas que deveriam ser chocantes ou emocionalmente impactantes passem sem a força que poderiam ter, enfraquecendo a experiência como um todo.


Se a narrativa nem sempre consegue manter o espectador imerso na tensão da história, as performances centrais compensam essa lacuna. Jude Law e Nicholas Hoult evitam a caricatura e entregam um embate que, mesmo ocorrendo de forma indireta durante boa parte do filme, dá corpo à narrativa e sustenta os momentos mais impactantes. Os atores coadjuvantes Tye Sheridan e Jurnee Smollett também complementam o bom elenco com performances satisfatórias.

No final, "A Ordem" é um filme que tem méritos na forma como aborda sua história real, mas que poderia ter se beneficiado de um maior equilíbrio entre frieza documental e envolvimento emocional. A abordagem seca contribui para a sensação de realismo, mas, ao mesmo tempo, distancia o espectador dos eventos que deveriam ser mais marcantess.


Ainda assim, as atuações de Law e Hoult garantem que o filme tenha momentos de peso e relevância, elevando um roteiro que não nos deixa esquecer que o extremismo e o conservadorismo preconceituoso podem estar à espreita quando menos esperamos.



Nota: 7

 
 
 

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