The Wedding Banquet - Seleção de Sundance Estreias
- Fernando Gomes
- 29 de jan.
- 2 min de leitura

Andrew Ahn fez um sucesso absurdo com seu filme Fire Island, uma obra que basicamente propulsionou sua carreira para onde está hoje. Como membro da comunidade LGBT, o diretor e roteirista demonstra continuamente sua habilidade em retratar esses relacionamentos com respeito, ternura e sensibilidade. Em seu remake de The Wedding Banquet, um projeto extremamente pessoal para ele, não é diferente.
Retratando o relacionamento de dois melhores amigos e seus respectivos parceiros, o filme aborda as limitações auto impostas para validação externa e como isso impede as pessoas de atenderem às necessidades daqueles que amam. Mas, mais importante, explora como essas limitações geram a inabilidade de criar uma vida que realmente se deseja para si mesmo.
A história gira em torno de casais gays em busca de família: um deles através de inseminação artificial e o outro por meio de um casamento. Como nada pode ser simples, a família extremamente rica de Min não pode saber que ele é gay. Por isso, ele sugere se casar com uma de suas amigas lésbicas em troca de ajudar a financiar a terceira rodada de inseminação artificial do outro casal.

O casamento relâmpago parece inevitável até que a avó e matriarca de Min decide presenciar o evento. Afinal, ela precisa se assegurar de que aquilo é real, ou seu neto terá que abandonar a arte para retomar os negócios da família. Daí em diante, uma sequência de eventos improváveis ocorre, parte pela falta de comunicação dos casais e parte pela babaquice de Angela e Chris.
Esse é o tipo de dramédia que foi completamente ineficaz para mim. Um remake que se leva muito mais a sério que o original, mas que ainda recorre às mesmas resoluções corriqueiras e simplórias. Isso gera uma sensação de dissonância dentro do filme, que faz com que o drama perca impacto. Pior ainda, a comédia parece deslocada.
Os absurdos do roteiro são algo à parte, como, por exemplo, o fato de que o herdeiro de uma multinacional bilionária não precisaria nunca de um visto de cidadania para residir nos EUA, ele definitivamente teria acesso a visto de investidor. Mesmo ignorando esses pormenores, o que realmente incomoda é a forma leviana como são tratadas as emoções e conflitos dos personagens. Eventos que seriam, na vida de qualquer um, catastróficos se resolvem com um sorriso ou sem diálogo algum. Isso torna os personagens e tudo ao redor deles artificiais demais para gerar envolvimento emocional.
No elenco competente, a surpresa vem de Han Gi-Chan (Min), que, com um timing de comédia bem peculiar, parece ser o único a entender a verdadeira essência do filme. Kelly Marie Tran (Angela) e Bowen Yang (Chris) entregam performances medianas, com lampejos de vida em cenas de comédia, mas que falham dolorosamente quando qualquer emoção mais profunda é requisitada. Lily Gladstone é completamente desperdiçada, enquanto as matriarcas Young Yuh-Jung (Avó) e Joan Chen (Mãe) sustentam os momentos de sensibilidade e amor do filme.
A direção de Andrew Ahn é o que se espera do diretor, mas a fotografia muitas vezes parece restringir o trabalho dos atores em cena — mesmo que esse trabalho seja mínimo. The Wedding Banquet parece ter perdido a essência do original na tentativa de modernizar e aprofundar a história.





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