LUZ - Seleção Sundance Competição Dramática Mundial

LUZ é um filme contemplativo, carregado de neon, que demonstra bastante potencial como estreia para a diretora Flora Lau. A narrativa acompanha dois relacionamentos distintos: um pai tentando se reconectar com sua filha e uma filha cuidando de sua mãe doente.

O filme chama mais atenção por sua fotografia e paleta de cores do que por seu roteiro ou história. Projetado como uma reflexão sobre conexões e escapismo, explorando os limites entre o real e o virtual, LUZ tenta abordar temas demais, mas com eficácia reduzida.

Ao embaralhar a linha entre o game de realidade virtual e as vidas dessas pessoas, o filme acaba dificultando a conexão com seus personagens. Mesmo com atuações competentes do elenco, o roteiro soa exagerado e desalinhado com os temas e a estética proposta.

Tematicamente, LUZ questiona os impactos do escapismo e como ele pode oferecer diferentes tipos de liberdade. O jogo representa facetas distintas dos personagens, permitindo que baixem a guarda e busquem conexões mais autênticas. Enquanto conversam sobre a superioridade da vida digital, o filme levanta reflexões sobre o significado disso e o impacto que essa existência imaginária pode ter no mundo real.

Para aqueles que vivem parcial ou integralmente conectados, a resposta para essa questão é simples: conexão. Mas o filme se interessa mais pela pergunta que vem depois: por que essas pessoas não conseguem encontrar isso no mundo offline?

Porém, LUZ nunca consegue verdadeiramente emocionar, aproveitar ao máximo sua estética ou responder suas perguntas mais diretas, muito menos compreender as mais complexas que surgem a partir delas. A ausência de uma ligação mais profunda entre as narrativas enfraquece o impacto do filme, já que ele não opta por desenvolvê-las paralelamente, mas sim conectá-las de maneira superficial. O elo entre as histórias se dá por um veado, que aparece tanto em um quadro pertencente à mãe e filha quanto como um objetivo raro dentro do jogo que pai e filha exploram. Uma escolha simbólica interessante, mas insuficiente para sustentar a profundidade que o filme pretende alcançar.