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Love, Brooklyn - Seleção de Sundance Competição Dramática EUA

  • Fernando Gomes
  • 31 de jan.
  • 2 min de leitura


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Entrelaçando a vida de um jornalista, uma mãe solteira e uma dona de galeria de arte no Brooklyn, Love, Brooklyn é uma examinação sobre pessoas incapazes de desapegar do passado. Uma direção charmosa e simpática, que demonstra uma paixão gigantesca pelo bairro, não consegue esconder um roteiro supérfluo e ineficaz, ainda que toque em temas profundos.

Alan é um jornalista que discute a beleza e cultura do Brooklyn e sua negritude, enquanto combate a gentrificação do bairro com sua ex-namorada, Nicole. Uma dinâmica que honra a história do local, enaltece os artistas negros e seus impactos na cidade de Nova Iorque. Tudo isso contraposto a um suposto avanço e melhoria, combatidos pelas pessoas aptas a fazer isso, aqui representadas por Casey, uma dona de galeria que se recusa a vender seu espaço para evitar que ele caia nas mãos de grandes empreiteiras. E, por último, temos Nicole, uma mãe solteira em busca de companhia e amor, mas que não consegue desapegar da memória de seu ex-marido.

Preservação cultural, estagnação profissional, imaturidade emocional e o medo de enfrentar o futuro são temas excelentes. Temas que são encapsulados em um debate eloquente, ainda que expositivo demais, sobre um quadro de Sodoma e Gomorra, que dois personagens exploram juntos. Comentando sobre uma das mulheres que foi transformada em um pilar de sal por ter olhado para trás, num tom informativo, Casey diz: “não olhe pra trás.” Frase inofensiva que vai guiar a resolução do filme, mas, se não fosse o suficiente, ela indaga Alan: por que a mulher virou especificamente um pilar de sal? Ao que ele responde: “porque não dá pra segurar nas mãos, ele escorre, então, assim como o amor, quando não podemos segurá-lo, ficamos com a memória.”


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A entrega da mensagem do filme é mais expressa que o SEDEX e mais diluída que seu Whey Protein, e, infelizmente, esses diálogos são o auge do que essas reflexões vão ser. Para ser justo, existe um outro momento de reflexão sobre a liberdade do expressionismo negro pós-COVID no bairro e uma conversa sobre assertividade e amadurecimento em um bar que carregam algum impacto. Mas nada realmente se aprofunda, principalmente em um filme que concede apenas resoluções convenientes e superficiais.

Tematicamente rico, narrativamente ordinário e com uma construção de personagens pífia, Love, Brooklyn insiste que não devemos olhar para trás e indica a todo momento que esses personagens deveriam olhar para frente. A grande tristeza é que o filme nunca tem o discernimento de olhar para dentro.

A ideia estava clara ali: criar um paralelo entre um bairro lutando contra o avanço sem perder as origens e os personagens, que lutam contra o avanço para preservar uma memória. A realidade, no entanto, carrega nuances. Existe uma linha tênue e possível entre evoluir e manter sua essência.


 
 
 

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